Por: Jú (personagem principal)
Já se imaginou em uma situação terrivelmente horrorosa: problemas com
namorado, família e amigos? Pois é essa a minha vida. Uma vida cheia de
surpresas, sem nenhuma paz e nem um momento de sossego... Exatamente. Problemas
com tudo.
Meu ex-namorado se chama Marcelo. Adora me provocar. Diz que pega uma, pega
outra, se faz de galinha, coisa que não é (nunca foi). Marcelo é bonito...
Minhas amigas dizem que eu perdi tempo terminando com ele, mas não estava dando
certo entre a gente. Só vivíamos brigando, brigando, discutindo, discutindo...
Era muito ruim. Ele não se conformou no inicio, até que começou a provocar,
tentando me meter ciúmes para ver que ele não estava nem aí. Sabe qual é o
problema? Meninos não aceitam perder, não aceitam admitir que perderam... É
raro ter um menino perfeito.
Bem, também tenho problemas com a família. Meus pais se separaram e agora
minha mãe tem que se virar sozinha comigo. Muito difícil! Eu nunca imaginei
isso, mas infelizmente aconteceu. É muito difícil pra mim. E ainda mais que
minhas amigas ficam com pena de mim, coisa que eu nunca gostei e sempre pedi
que elas não tivessem. Detesto gente que fica em cima de mim, querendo saber se
eu estou bem, se estou triste, se estou feliz, se estou viva, se estou morta!
Meu Deus do céu! Não aguento mais... Eu sei que minhas amigas só querem o meu
bem, mas será que elas não entendem que a melhor forma de deixar uma pessoa bem
é deixando-a livre pra falar se quiser? Mas, que saco. Tudo bem, se alguém
chegar me dar um abraço e perguntar se eu estou bem, mas fazer um drama, uma
tempestade enorme por causa de uma coisa que passa, pelo amor de Deus, tenha
paciência. Ontem veio uma que eu nem sabia que existia: Amiga, quanto tempo! Soube
do que aconteceu, você está bem? Fiquei arrasada, muito triste por você! Quando
meus pais se separaram blá, blá, blá, blá, blá! Nem me deixou falar e disparou!
AFF!
Eu só queria um tempo sozinha. Um tempo longo. Nem que seja uma semana, pra
mim está bem. Eu queria um tempo pra esfriar a cabeça, pra pensar na vida, pra
ver o que eu vou fazer. Seria bom passar um tempo longe do Marcelo, pra ver se
ele me deixa em paz, longe de algumas amigas, para pararem de me perturbar e
longe da minha mãe e do meu pai, para poder pensar um pouco na decisão deles e
tenta aceitar o que resolveram.
Bem, hoje é segunda-feira, infelizmente. Primeiro dia de aula... AFF! Dia de
escola, dia de estudar e dia de chatice. Estou no ônibus com fones do ouvido
para ninguém me atormentar, mas parece que esse recado não foi entendido, pois
já tem gente chamando a minha atenção.
Marcelo: Bom dia, Jú!
Eu: Bom dia.
Marcelo: E ai? Como vai a vida?
Eu: Péssima e a sua?
Marcelo: Ótima. Sabia que fiquei com a Bia da 8ª série ontem?
Eu: Escute aqui Marcelo, eu não tenho tempo de ficar ouvindo suas bobagens,
não viu? Você é muito criança, parece que nunca ficou com ninguém na vida, pois
fica por ai dizendo com quem ficou, com quem não ficou. Isso é ridículo, me
poupe viu?
Marcelo: Nossa. Estou vendo que sua vida não vai nada bem. É porque não está
ao meu lado. – ele diz enquanto eu olho pra janela do ônibus, demonstrando que
não estou nem aí...
Eu: Eu terminei com você porque eu quis e não estou nem aí se você se
conformou ou não, eu só quero paz! Me deixe em paz! – eu disse e coloquei os
fones de ouvido. Segundos depois que olho para o lado ele desaparece,
evapora... Até que em fim!
Chegamos na escola e a Nathalia está na porta me esperando.
Ela: Pronta pro primeiro dia de aula?
Eu: Nem um pouco...
Entramos e ficamos sentadas, cada uma na sua, sem falar nada. Uma das
maiores qualidades da Nathalia é essa: ficar na sua. Ela fica na dela, não quer
conversa com ninguém, a não ser que alguém queira com ela. Gosto desse tipo de
amiga. Que se preocupa, mas sem muito drama, sem muita coisa, sem se meter
muito.
O sinal bate. Entramos na sala. Estranhei o professor já está na sala, mas
sentei-me em uma cadeira perto da Nath e pronto.
Professor: Bom dia, bom dia, classe. Meu nome é Sérgio e eu sou professor de
Química, do 1º ano.
Sra. Trafield: Com licença, professor Sérgio, desculpe atrapalhar, mas quero
dar um aviso. Há um aluno novo nessa classe. Sei que não deixamos ninguém
entrar na turma B, mas isso é uma exceção, pois as outras classes estão com um
ou dois alunos há mais, então... Esse é Pedro Rodrigues, seu novo colega,
pessoal.
O garoto entrou, totalmente sem graça e sentou na última cadeira da última
fileira da classe, na ponta da sala. Eu na primeira cadeira da primeira fileira
e ele lá longe, mas notei que ele não parava de olhar pra mim...
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